quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Já ou Agora ... Feliz Ano 2010




A todos um bom ano de 2010. Este já falta pouco para passar. Em jeito de prenda deixo-vos 2 prendas. Um Poema de Vinicius de Morais e uma musica boa para dançar cheia de pujança que é o que todos precisamos para 2010.

Soneto a 4 Mãos

"Tudo de amor que existe em mim foi dado.
Tudo que fala em mim de amor foi dito.
Do nada em mim o amor fez o infinito
Que por muito tornou-me escravizado.
Tão pródigo de amor fiquei coitado
Tão fácil para amar fiquei proscrito.
Cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado.
Tenho dado de amor mais que coubesse
Nesse meu pobre coração humano
Desse eterno amor meu antes não desse.
Pois se por tanto dar me fiz engano
Melhor fora que desse e recebesse
Para viver da vida o amor sem dano."

Vinicius de Morais

E agora dancem e sintam a musica, a mim alivia..... e nos posts que coloco aqui tudo tem significado e está intimamente relacionado.

Nneka - HeartBeat

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Já ou Agora ... Paixão




Hoje, tive um jantar muito agradável que vou ter imensa vontade de repetir. Aqueles jantares que parece o o tempo voa.... E quando isto acontece é porque a conversa é interessante. O homem que estava à minha frente vive a vida com a paixão do que realiza no seu dia a dia. Dá gosto! Esta paixão eu admiro, a paixão vivida na vida pessoal e profissional. Por vezes posso parecer lamechas, mas quem inventou o amor e a realização com paixão foi quem descobriu efectivamente a roda. o mundo tem que ser assim. O problema é que as paixões são efémeras, definam efémeras no tempo!!!!!!
Eu tenho duas paixões e não desisto delas. Acho que quem me conhece sabe quem são! Não digo quais são, mas descobri e não as deslargo, por muito que me custe a mim ou a quem me rodeia não desisto!
Admiro quem vive com paixão e dá a ensinar essa paixão.
Fica aqui o registo de um belo final de dia, seja feito o tributo.

Segue com Paixão

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Já ou Agora ... Frases de 2009




Estamos a chegar ao final de um ano. O ano de 2009. E olhando para trás, penso que é um ano que poderia ter sido melhor, para não dizer mau. Mas isto de esperarmos anos melhores, penso que acontece no final de cada ano.


Sinto saudades de dizer "Este ano foi mesmo bom". Muita coisa mudou neste ano.

Mas eu ainda não pretendo fazer aqui um balanço de 2009, apenas realçar algumas frases ditas para nos rirmos ou não:


"As ilusões pagam-se caras."Cavaco Silva, na mensagem de Ano Novo


"Cautela com os amores. Pensem duas vezes em casar com um muçulmano. Pensem, pensem muito seriamente. É meter-se num monte de sarilhos que nem Alá sabe onde é que acabam."D. José Policarpo, numa sessão na Figueira da Foz


Não se resolve o problema da sida com a distribuição de preservativos. Pelo contrário, o seu uso agrava o problema." Papa Bento XVI, em visita pastoral a Angola


"A culpa da crise é dos banqueiros brancos de olhos azuis."Lula da Silva, após um encontro com Gordon Brown, em Brasília


"Vocês não vêem o telejornal da TVI à sexta-feira? Aquilo é uma caça ao homem, é um espaço noticioso feito por ataque pessoal movido por ódio."José Sócrates


"Sou um matador, um conquistador. Não há escândalo."Sílvio Berlusconi


"[Os corninhos] não eram para ele [Francisco Louça]. Eram para Bernardino Soares, que me chamou mentiroso por causa das minas de Aljustrel."Manuel Pinho


"Ainda sou do tempo em que os homens gostavam de mulheres."Baptista Bastos


"Não sei se o excesso de publicidade do corpo feminino não estará na origem da explosão da homossexualidade."Almeida santos


"Ainda uso uma linha de coca, de vez em quando. Ou uma estrelinha e charros, se passam ao meu lado."Jorge Palma


"A Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana."José Saramago, no lançamento de Caim


"Para mim, na vida, um vintém é um vintém, um cretino é um cretino. São valores absolutos"Manuel Machado, após o jogo com o Benfica


"Se ele [Isaltino Morais] consegue fazer toda esta obra e ainda leva dinheiro para casa, então é um homem notável."Otelo Saraiva de Carvalho


"É bem feito. O país votou nessa cambada. O país prefere a porcaria. Já está formatado para viver nela e com ela. Sirvam-se. Ponham-se a jeito. Besuntem-se."Vasco Graça Moura


quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Já ou Agora ... Feliz Natal

Feliz Natal, na companhia de quem mais amam, são os meus votos para todos os leitores deste blog. Vivam intensamente com carinho todos os momentos que podem não voltar.
Deixo-vos um video nostalgico que ficou na memória de uma geração.



quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Já ou Agora ... Hoje no Aeroporto de Lisboa...

... aconteceu algo surpreendente. Foi Marketing verdadeiro ou Flash Mob? Pelas imagens fico confundido, mas uma coisa é certa, foi bem divertido!
Giro de ver o video abaixo:

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Já ou Agora ... Prenda...

Já ou Agora... a minha prenda antecipada de Natal para todos os visitantes deste Blog.
No ano de 2009 ouvimos de uma forma cansativa a palavra crise e eu decidi dar uma prenda para vocês brincarem com ela.
Joguem e Divirtam-se com A Pequena Grande Crise!

Feliz Natal a todos sem excepção, aos que gostam deste espaço e aos que nem por isso. Sejam felizes Já ou Agora! NOP sejam Imediatamente

Já ou Agora ... Dezembro




Não sei porquê, eu que não acredito nas coincidencias, mas que as há, lá isso há... Sempre detestei Novembro... e as coisas más acontecem-me nesse mês. Em contraponto em Dezembro acontecem-me as coisas mais extraordinárias da vida, que implicam mudança, seguir em frente um novo rumo. Um mês bom em todos os sentidos, tanto profissionais como pessoais. Apesar deste mês ser o que tenho de mais encargos, é o mês onde me acontece o que de mais importante existe na minha vida. Viva Dezembro.... Gosto de todos os 2 que compõem Dezembro.
Em Dezembro sou mesmo feliz!
Fiquem com uma musica que para mim teve significado em Dezembro e mudou a minha vida.


quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Já ou Agora... A rotina...

Detesto rotina, mas gosto deste anuncio, leiam e vejam.... é um anúncio da Natura

“A ideia é a rotina do papel
O céu é a rotina do edifício
O início é a rotina do final
A escolha é a rotina do gosto
A rotina do espelho é o oposto
A rotina do jornal é o facto

A celebridade é a rotina do boato
A rotina da mão é o toque
A rotina da garganta é rock
O coração é rotina da batida

A rotina do equilíbrio é a medida
O vento é a rotina do assobio
A rotina da pele é o arrepio
A rotina do perfume é a lembrança

O pé é a rotina da dança
Julieta é a rotina do queijo
A rotina da boca é o desejo
A rotina do caminho é a direcção

A rotina do destino é a certeza
Toda rotina tem sua beleza”

Já ou Agora ... You've Got a Friend??


Vale por mais que mil e uma palavras.... Mas o Post é uma pergunta para responderem....


Já ou Agora ... Notte Sento

Uma curta para partilhar e sentir....





e de seguida partilho Vinicius de Moraes, desfrutem.

"E por falar em saudade onde anda você
Onde andam seus olhos que a gente não vê
Onde anda esse corpo
Que me deixou louco de tanto prazer
E por falar em beleza onde anda a canção
Que se ouvia na noite dos bares de então
Onde a gente ficava,onde a gente se amava
Em total solidão
Hoje eu saio da noite vazia
Numa boemia sem razão de ser
Na rotina dos bares,que apesar dos pesares
Me trazem você
E por falar em paixão, em razão de viver
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares, na noite, nos bares
Onde anda você."

Já ou Agora ... e os principios das relações




Hoje apetece-me falar das relações. Raramente hoje encontramos relações duradouras, sejam elas de amizade, amor, companheirismo, profissionais etc. Onde pairam os valores das relações de respeito, de valores e de pura amizade. Aquela celebre frase que basta a palavra para cumprir um acordo, seja ele de que espécie for, cada vez se esvai mais. Podem chamar-me retrogrado, que não vivo neste mundo etc. Mas onde pairam esses valores? Será porque hoje o mundo é muito mais global? Será pelo facto das pessoas cada vez conhecerem mais pessoas e irem em busca de algo mais que o esquecimento desses princípios faz esquecer todos os valores da dignidade humana. Costumo dizer algumas vezes que o meu sonho é chegar aos 99 anos, andar na rua de cabeça levantada e sentir orgulho na vida que vivi. Sei que esta parte do orgulho vale o que vale.
Mas porque razão as pessoas se esquecem rapidamente das atitudes que tiveram, dos princípios que foram ensinados e que adquiriram? Todos cometemos erros de algo que omitimos, em que pensamos que dissemos tudo sem dizer, de palavras que foram mal interpretadas, de comentários que de tanto passar a palavra foram desvirtuados. Todos estes princípios colocam toda uma vivência em sociedade em questão, será que vale a pena? Não gosto nada dos paladinos da verdade que o parecem ser para atingir algo mais. Podem aqui chamar-me o mesmo, eu também cometo os meus erros apesar de acreditar ao contrário de muitos que acertar é que é humano.
O que hoje parece ser e a seguir já é algo na realidade completamente diferente é uma constante do dia a dia.
Este tipo de relações no nosso dia a dia é cada vez mais comum. Façam um exercício, pensem para vós próprios, em quantos amigos, colegas de profissão ou conhecidos confiam mesmo, daqueles que naqueles momentos necessários da vida lá estão. Eu tive essa experiência, alguns lá estiveram e outros surpreenderam, porque sem parecer ser estavam lá. Este mundo materialista dá muito jeito a todos, a mim sem excepção, contudo o mundo dos princípios, da verdadeira natureza, da solidariedade, da amizade e amor puro não devemos deixar que deixe de existir.
Hoje tenho vontade de me imaginar com 99 e dizer que tenho pelo menos uma grande amizade daquelas para a vida com mais de 50 anos. Que saboroso que é!
Mais uma divagação da minha parte para pensarmos.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Já ou Agora ... Desilusão


Segue um texto para partilhar que para alguns é considerado um dos maiores romancistas do seculo XX e nobel da literatura em 1929:


Desilusão de Thomas Mann


"Confesso que fiquei totalmente desorientado depois da conversa com este extraordinário indivíduo.
Tenho receio de estar ainda em estado de contar o caso de tal modo que venha a afectar outras pessoas como aconteceu comigo. Provavelmente, esse efeito foi devido em grande parte à candura e ao tom amistoso com que um desconhecido se abriu ante mim.
Reparei no desconhecido, pela primeira vez, há cerca de dois meses, numa tarde de Outono, na Piazza di San Marco. Andava pouca gente na rua; mas na espaçosa praça, as bandeiras ondulavam impelidas pela brisa marítima, diante dessa sumptuosa maravilha de cor e linha que se ergue com um luminoso encantamento contra um sol ligeiramente azulado. Por detrás da porta principal, uma rapariguita estava a deitar milho aos pombos que acorriam, em nuvens cada vez mais numerosas, de todos os lados. Um quadro alegre e festivo.
Encontrei-o na praça e estou ainda a vê-lo nitidamente enquanto escrevo. Era bastante abaixo da estatura média e um pouco curvado, passeando com vivacidade e agarrando a bengala atrás das costas.
Usava um chapéu de coco, um casaco leve de Verão e umas calças escuras listradas. Não sei porquê, tomei-o por um inglês. Tanto podia ter trinta anos como cinquenta. O seu rosto estava bem barbeado, com um nariz grosso e uns olhos negros cansados; em redor da sua boca brincava constantemente um sorriso inexplicável e, de certo modo, simples. Mas, de vez em quando, olhava em volta inquieto, depois punha os olhos no chão, murmurava algumas palavras para si, sacudia a cabeça e caía de novo no mesmo sorriso. Deste modo caminhava na praça, perseverante, de um lado para o outro.
Depois desse primeiro encontro, passei a reparar nele todos os dias; porque me parecia não ter outra ocupação além de passear para baixo e para cima, trinta, quarenta ou cinquenta vezes, com o bom ou o mau tempo, sempre só e sempre com aquele extraordinário aspecto.
Na noite que pretendo descrever tinha havido um concerto por uma banda militar. Eu estava sentado numa das pequenas mesas do café Florian que estavam espalhadas na Piazza; e quando, após o concerto, a multidão começou a dispersar, o meu desconhecido, com o seu habitual sorriso vago, sentou-se numa cadeira livre perto de mim.
A noite seduzia, o cenário tornava-se cada vez mais sereno, em breve todas as mesas ficaram vazias. Apenas alguns vagabundos partiram, a majestosa praça ficou envolvida em paz, o céu, por cima, multiplicou-se em estrelas; uma grande meia lua pendia sobre a espectacular fachada de San Marco. Eu tinha estado a ler o jornal, de costas viradas para o meu vizinho, e estava para lhe ceder o campo quando fui obrigado, pelo contrário, a virar-me na sua direcção. Apesar de não ter ouvido nenhum som, ele começou subitamente a falar:
«Está em Veneza pela primeira vez, senhor?» perguntou ele, num francês bastante mau. Quando tentei falar-lhe em inglês, ele continuou em correcto alemão, falando em voz baixa, áspera e tossindo frequentemente para a tornar mais clara.
«Está vendo tudo isto pela primeira vez? Concordou com as suas esperanças? Ultrapassou-as? Não a tinha imaginado mais bela do que na realidade é? Na verdade? Não estará a dizer isso com o fim de parecer feliz e digno de inveja? Ah!» Ele inclinou-se para trás e olhou para mim, pestanejando rapidamente com uma expressão inexplicável e serena.
A pausa que se seguiu durou algum tempo. Eu não sabia como havia de continuar a conversa e uma vez mais ia partir quando ele, precipitadamente, se inclinou para mim.
«Sabe, meu caro senhor, o que é a desilusão?» perguntou, num tom baixo e apressado, agarrando a bengala com ambas as mãos. «Não o mau êxito em pequenos assuntos insignificantes, mas a desilusão grande, geral, que engloba tudo, tudo o que faz parte da vida? Não, claro, não sabe. Mas eu tenho sido acompanhado por ela desde a juventude; ela tornou-me solitário, infeliz e, não o nego, um pouco excêntrico.
«O senhor não pode, claro, compreender de repente o que eu quero dizer. Mas devia. Peço a sua
atenção durante alguns minutos. Porque se isto pede ser contado, é possível fazê-lo em poucas palavras.
«Posso começar por dizer que descendo duma família de clérigos, numa pequena cidade. Em nossa casa reinava a absoluta limpeza e o patético optimismo dum ambiente inteligente. Respirávamos uma atmosfera estranha, cheia de retórica de púlpito, de grandes palavras para o bem e o mal, belas e desprezíveis, que eu odiava amargamente - são elas mesmo, talvez, a causa de todos os meus sofrimentos.
«Para mim a vida consistia inteiramente nessas grandes palavras; porque não conhecia mais do que as grandes emoções infinitas, metafísicas que elas despertavam em mim. Do homem, eu esperava a virtude divina ou a horrenda perversidade; da vida, ou a beleza mais arrebatadora ou o mais completo horror; e estava cheio de avidez por tudo isso e de uma saudade profunda, atormentada, por uma realidade mais ampla, por uma experiência não importa de que género, fosse uma ventura gloriosa e intoxicante ou uma angústia indizível.
«Recordo, senhor, com uma dolorosa nitidez, o primeiro desapontamento da minha vida; e rogo-lhe que observe que este não tem nada a ver com o malogro de esperanças particulares, mas com um triste acontecimento. Uma noite, houve um incêndio em casa de meus pais, quando eu pouco mais era que uma criança. Espalhou-se insidiosamente até que o primeiro andar ficou em chamas, chegou ao meu quarto e não tardou a alcançar as próprias escadas. Fui eu quem o descobri, e lembro-me que comecei a berrar pela casa, batendo as palmas: «Fogo, fogo!» Sei exactamente o que disse e que sentimentos respiravam nas minhas palavras, ainda que nessa altura dificilmente teriam aflorado à minha consciência. «Então isto», pensei, «é um fogo. É afinal, como ter a casa em chamas. Tanta coisa para isto?»
«Deus sabe que era um caso bastante sério. Toda a casa ardeu e apenas a família foi salva com grande dificuldade, e eu cheguei a sofrer algumas queimaduras. E teria sido falso dizer que a minha fantasia poderia ter pintado alguma coisa pior do que o incêndio de minha casa. No entanto, devia ter existido em mim alguma ideia vaga dum acontecimento ainda mais horrível, em comparação com o qual a realidade parecia insípida. Este incêndio foi o primeiro grande acontecimento da minha vida. E deixou-me defraudado na minha esperança de coisas horrorosas. «Não receie que eu continue a contar-lhe pormenorizadamente os meus desapontamentos. Basta-me dizer-lhe que alimentei cuidadosamente as minhas magníficas esperanças na vida com o conteúdo de um milhar de livros e com as obras de todos os poetas. Ah, como aprendi a odiá-los, esses poetas que pintavam as suas grandes palavras em todas as paredes da vida - porque não tinham poder para as escrever no céu com lápis mergulhados no Vesúvio! Acabei por pensar que todas essas grandes palavras eram uma mentira ou uma troça.
«Os poetas extáticos têm dito que a palavra é pobre: «Ah, quão pobres são as palavras», cantam eles.
«Mas, não, senhor. As palavras, julgo eu, são ricas, são extraordinariamente ricas, comparadas com a pobreza e as limitações da vida. A dor tem os seus limites: a dor física, na inconsciência, a mental no torpor; não difere da alegria. A nossa humana necessidade de comunicação encontrou uma maneira de criar sons que se estende para além destes limites.
«É minha a culpa? Será erro meu que certas palavras possam correr e acordar em mim a intuição de sensações que não existem?
«Saí para essa vida que eu cuidava tão maravilhosa, esperando que uma, uma única, experiência
correspondesse às minhas grandes esperanças. Valha-me Deus, nunca o consegui. Tenho percorrido todo o planeta, visto as mais extraordinárias paisagens, todas as obras de arte sobre as quais têm sido pródigas as mais extravagantes palavras. Fiquei perante elas e murmurei: «É belo. No entanto, será tudo?»
«Não tenho o sentido do actual. Talvez esteja aí o busílis. Uma vez, num ponto qualquer do mundo, estive junto dum profundo e estreito desfiladeiro nas montanhas. Fitei as rochas erguidas em perpendicular, de ambos os lados e, em baixo, a água rugindo. Olhei para baixo e pensei: «Que aconteceria se eu caísse?» Mas conhecia-me bem e respondi: «Se isso fosse acontecer, tu dirias: «Agora estou a cair, neste momento estou a cair. Bem, e que tem isso?»
«Pode crer que não falo sem experiência da vida. Anos atrás apaixonei-me por uma rapariga, uma moça encantadora, e teria sido a minha alegria protegê-la e acarinhá-la. Mas ela não me correspondia, o que não é nada surpreendente, e casou-se com outro. Que experiência pode ser mais dolorosa do que esta? Que maior tortura haverá do que a agonia árida da luxúria frustrada? Multas noites fico acordado e de olhos abertos; mas a minha maior tortura reside no pensamento: «Então esta é a maior dor que podemos sofrer? Bem, e então - é tudo?»
«Posso contar-lhe a minha felicidade? Porque eu também fui feliz. E também fiquei desapontado.
Não, não preciso de continuar... Para não acumular exemplos, devo esclarecer-lhe que foi a vida em geral, a vida no seu desenrolar triste, desinteressado, normal, que me desapontou - desapontou, desapontou!
«O que é o homem?» perguntou o jovem Werter. O homem, o glorioso semideus? Não falharão os seus poderes justamente onde ele mais necessita deles? Quer adeje em alegria ou se afunde em angústia, não regressou sempre à nua e fria consciência, precisamente no momento em que ele procurava perder-se na imensidão do infinito?
«Muitas vezes tinha pensado no dia em que visse o mar pela primeira vez. O mar é vasto, o mar é grande, os meus olhos percorreram a sua imensidão e desejaram libertar-se. Mas havia o horizonte. Porquê o horizonte quando eu desejava o infinito da vida?
«O meu horizonte pode ser mais estreito do que o de outro homem. Já disse que me falta um sentido do hodierno - ou talvez o tenha demais. Talvez me fartasse ou me tivesse familiarizado cedo demais com as coisas. Estarei familiarizado dum modo demasiado adulterado com a alegria e a dor?
«Não acredito nisso e, antes de mais nada, creio naqueles cujas visões da vida são baseadas nas
grandes palavras dos poetas - tudo é mentira e covardia. E deve ter observado, meu caro senhor, que há seres humanos tão frívolos e vorazes da admiração e inveja do seu semelhante que pretendem ter experimentado as alturas da felicidade mas nunca o abismo da dor?
«Está escuro e o senhor já deixou de me prestar atenção; por isso aproveito para confessar sem pejo que tentei ser como esses homens e mostrei-me feliz perante o mundo. Mas há alguns anos que o balão desta vaidade foi furado. Agora sou só, infeliz e, não posso negá-lo, um pouco excêntrico.
«A minha ocupação favorita é contemplar, à noite, o céu estrelado - é a melhor maneira de afastar a vista da terra e da vida. E talvez me possa ser perdoado o facto de ainda perseverar nas minhas remotas esperanças. Porque sonho eu com uma vida mais livre, onde a actualidade das minhas loucas antecipações se revela sem nenhum torturante resíduo de desilusão? Com uma vida onde não há horizontes?
«Assim, eu sonho e espero que a morte venha. Ah, já a conheço bem, a morte, esse desapontamento derradeiro! No meu último momento, direi para os meus botões: «Então é esta a grande experiência - bem, e que tem isso? Que é isso, no fim de contas?»
«Mas a Piazza começa a arrefecer, senhor - isso ainda eu posso sentir - ah, ah! Tenho a honra de lhe
desejar uma muito boa noite»."

domingo, 13 de dezembro de 2009

Já ou Agora ... Destaco...



aqui, um texto que concordo quase na sua plenitude, escrito pelo Joaquim Jorge do Clube dos Pensadores. Um post sobre a amizade e para o lerem basta clicar aqui.

Certamente que o Joaquim Jorge não se importará que o divulgue via o Já ou Agora... Mas é um post que vem muito de encontro ao que penso e que merece ser lido. Eu não diria (ou escreveria) tão bem!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Já ou Agora ... O Meu Eterno Monologo Interno



Hoje decidi voltar aos post's lamechas. Quando sinto necessidade faço-o, coisas minhas que entendo e que me apetece partilhar em forma de código. Tudo o resto fica no ar. Uma forma de desabafo solitário à vista de todos. Engraçado isto da blogoesfera. Consegue-se ao mesmo tempo falar de coisas intimas, desabafar à vista de todos, mas que só um entende. Poderão até chamar de alivio cobarde. Que seja!
Muito comum se ouvir dizer, esta frase feita "Todos nós somos responsáveis por aquilo que cativamos". Eu gosto de cativar para o bem ou para o mal. E quando o Cativar desaparece?
Este Blog está quase a fazer um ano e viveu vários momentos, bons e maus, até inesqueciveis. Um ano intenso. Continua para mim próprio a ter o mesmo propósito do 1º post. Contudo neste ano, que repito, altamente intenso até ao fim, muita coisa mudou em mim e na minha vida. Não sei se estou a fazer uma mudança de ciclo, a vida é feita deles. Ainda não descobri, mas sei que nada daqui para a frente será igual, apesar de acreditar sempre no que desejo e sei que não acontecerá. Um sonho dirão!Tomam-se opções, escolhem-se caminhos, pensa-se o futuro, avalia-se o passado e procura-se o futuro.
Este ano vivi momentos unicos com uma taxa elevadissima de cada um dos momentos ser sempre diferente, pormenores intensos, tranquilidades arrebatadoras, disse coisas que nunca disse, partilhei situações inimaginaveis, descobri o que nunca pensei descobrir, mudou-me enquanto ser. Não sei se repetirei estas sensações ou se as viverei de forma diferente.
Contudo eu fiz as minhas opções, muitas delas egoístas, outras partilhadas, algumas altamente incisivas com expectativas goradas e que foram tomando outros rumos ao longo deste ano, muitas vezes por culpa minha outras porque as opções adjacentes e o rumo a seguir fizeram que tal acontecesse. Opções que não dependem só de mim, de expectativas criadas, novas cativações, rumos diferentes. É uma chatice quando se sente, se vive, se fica eufórico, se acha que conquistamos o mundo, se quer partilhar a felicidade e a euforia com o que nos rodeia, quando se idealiza projectos, pretextos, se sentem palavras ditas e ouvidas, em que achamos que o caminho sinuoso será constantemente ultrapassado porque nos sentimos invenciveis, que temos ali ao lado o que mais gostamos, queremos e nos preenche. Quando na realidade, tudo se resume a bons momentos, recordações, um flash para recordar. O desanimo aparece quando o que nos cativa continua a crescer e o que cativamos vai em sentido contrário.
Chamo a isto a euforia vivida todos os dias do que mais quero, vivida num monologo interno.
Neste ano aprendi uma coisa, por muito que mais se deseje algo e se consiga fazer acontecer, perspectiva acções futuras e imaginar os contos de fadas, o rumo da história está traçado. Importante ter a consciência sempre presente de que é preciso ter duas vontades para seguir um caminho e ter a coragem de alterar o rumo dos acontecimentos. Eu tive essa coragem em sintonias diferentes este ano. Descobri tarde, mas hoje sei o que realmente quero, sinto e desejo.
Óptimo quando a cabeça quer muito e tem esse querer. Uma grande confusão quando a cabeça sabe ou percebe que não dá e quer continuar a não acreditar na realidade. O corpo deambula porque está totalmente confuso com as instruções que a cabeça lhe fornece. Os brasileiros têm uma frase positiva e gira para isto, que é o "Cai na real"!
Acho que cai na real, o meu cérebro neste ano das duas uma, ou envelheceu 10 anos ou então ficou altamente exercitado e imune às adversidades da competição como um campeão olímpico. Fica o pensamento interno de tranquilidade. Para terminar fico neste monologo interno dizendo que descobri muita coisa, sou um sortudo, continuarei quem sabe até ao fim dos meus dias a sentir, talvez com a expectativa de que algum dia aconteçam. O que sinto, faz em mim a felicidade, vivida no singular todos os dias ao acordar e deitar deste meu monologo interno.
Sou um sortudo, mas ser sortudo magoa de caraças! Fica sempre a duvida de quem se magoa primeiro ou em ultimo, neste caso ou se ignora e se sente em monologo ou então se enfrenta, mas lá está é preciso a vontade de pelo menos dois. Prefiro a última opção.
Como disse antes, sou um sortudo, mas magoado a viver estas sensações óptimas em monologo interno de registos externos diferentes ao som de melodias que cada vez se cruzam menos na sintonia.

Nunca façam isto: "Jamais conheceremos o verdadeiro significado das palavras, que um dia, por covardia não dissemos"

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Já ou Agora... faz hoje 29 anos


.... que Francisco Sá Carneiro, faleceu num trágico acidente em Camarate. Sem dúvida que este facto fez com que o rumo da história de Portugal contemporanea tivesse um outro rumo. As causas do acidente ainda hoje estão por explicar. Atentado ou acidente? Eu acredito em atentado, contudo outros valores e interesses se levantam para que a história nunca tivesse uma conclusão.
Para mim uma referência politica, de ideologia, visão e estratégia. Como Portugal necessita hoje de políticos e de homens que fazem acontecer do calibre de Francisco Sá Carneiro. Uma boa data para discutir e fazer voltar os ideais da verdadeira social democracia, coisa que o PSD hoje anda um pouco à procura, ou seja, de definir e de passar a mensagem de facto qual é a sua ideologia. Eu continuo a ser um social democrata na verdadeira ideologia da palavra. Não sou de direita, nem sou liberal e muito menos de esquerda extrema.
Quem pretender mais informação, consultem aqui.
Segue um vídeo longo dos 25 anos da morte de Sá Carneiro, presto aqui a minha homenagem.